domingo, 18 de setembro de 2022

"Flor do Asfalto"

Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.
É feia. Mas é flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.
Carlos Drummond de Andrade

Com licença Drummond...
Acho que também vi ...
Uma flor no asfalto, cheguem perto, venham ver
Isso não é comum por aqui
Não sei se madura ou desabrochando.
Não importa. Comentem, espalhem a notícia!
Isso pede um tempo na rotina
O tempo do deleite, do descompromisso
Da contemplação, da socialização sem network.
Parece fora de lugar, fora de hora,
Mas garanto que é uma flor.
Talvez não no sentido do verde na paisagem urbana.
Talvez não seja um oásis da natureza perdido na cidade.
Mas que seja agradável aos aos olhos
Que traga um aroma diferente
Um tato inesperado
Uma quase imperceptível melodia que nos leve longe 
Ou somente seja agradável ao coração.
Que seja um tempo de leve poesia
Seja como for, seja como flor
Furou o compromisso, a hora marcada,
A pressa, a formalidade, os rendimentos, 
Por uma flor no meio do tabuleiro de xadrez urbano
E por isso mesmo é uma flor, uma flor no asfalto 
E, olha...pra mim parece linda!


nota: descrição ou introdução à série "Flor do Asfalto", que se propõe a breves relatos de achados urbanos, espaços ou eventos para uma pausa.


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