quarta-feira, 22 de julho de 2009

Corta o cabelo de onde?


Todo mundo passa por aqueles dias que é melhor não abrir a boca. Com a maior parte das pessoas isso acontece um dia ou outro. Comigo é mais freqüente. O problema maior é que a gente nunca sabe quando acordou com esta pré-disposição. Tanta tecnologia disponível e ninguém se tocou de bolar um alarme no celular para nos prevenir nesses dias sombrios. Ou talvez "os céus" pudessem nos proteger das derrapadas com inspirados presságios. Seja como for, alguém precisa tomar uma providência.

Como não me dou muito bem com os celulares e não costumo ser abençoada com tais revelações divinas, lá vou eu toda serelepe e desavisada para mais um dia de trabalho. Passei o dia até bem e parecia que ia voltar para casa sem nenhuma seqüela. Era o quê parecia. Lá pelo final da tarde, conversava com minha chefona, que é mais ou menos um feitor dos tempos modernos. Quando trocávamos algumas figurinhas chegou Aragon, nosso colega de trabalho. Só para ilustrar o tamanho da trapalhada que vem pela frente, vou descrever nosso personagem. Aragon é um engenheiro de segurança de cinqüenta e poucos anos, sério e muito tímido. Para termos uma idéia, ele fala de boca fechada. Quando está muito nervoso e alterado chega a abrir a boca cinco milímetros e meio e, se chegarmos a dez centímetros da fonte emissora do som, é até capaz que a gente consiga ouvir 70% do que ele fala. É um bom profissional, mas bem mais eloqüente na escrita. A “chefa” tinha alguns assuntos pendentes com ele e na mesma hora tirou o chicote do cinto e começou a cobrar os desdobramentos dos serviços.

Os dois seguiram debatendo os assuntos de trabalho. Na argumentação, Aragon, que normalmente é muito contido, gesticulava com as mãos na altura do baixo abdômen e região pubiana, com movimentos curtos e lentos. Como a conversa não era mesmo comigo, me permiti abstrair perdida nos meus pensamentos. Isso, para uma mente intelectual, significa absorver-se entre assuntos relevantes para a humanidade. Para uma cabeça loura, como é o meu caso, significa "só pensar besteira". Então, comecei a viajar nas mãos de Aragon, observando que seus dedos eram bem cabeludos, o que me lembrou um lobisomem ou, talvez, Tony Ramos, que é mais ou menos a mesma coisa. Era meramente uma observação, que faço questão de registrar que não me remeteu a nenhuma fantasia. Aprofundando-me mais na questão de alta complexidade, notei que, em uma das mãos, os dedos indicador e médio tinham os cabelos menores, como se tivessem sidos aparados. Totalmente alheia ao ambiente e às circunstâncias e, pior, no auge do meu surto delirante, usando um papel tipo ofício que tinha na mão, apontei para as mãos de Aragon, que nesta hora estavam na altura da região pubiana, e perguntei:

- Você corta o cabelo daí?????

Agora você, caro leitor, com todo o seu poder de imaginação, realize a cena. Imediatamente percebi o fora que tinha dado, mas a besteira já estava feita. Minha chefe, que estava de lado, como se estivesse em um filme em câmera lenta, virou a cabeça na minha direção e levantou o mais alto que pôde a sobrancelha de apenas um dos olhos. Sobre sua cabeça surgiu instantaneamente um balão com uma enorme interrogação mãe, rodeadas por inúmeras "interrogaçõeszinhas" filhas, brincando de roda em volta da genitora. Aragon, coitado, um pouco tonto ainda, lentamente baixou a cabeça e levantou a camisa, dando uma averiguada em sua calça. Sou capaz de apostar que ele pensou que estava com o zíper aberto. Quanto a mim, não me contive, desabei numa crise de riso, sem conseguir pronunciar uma palavra que pudesse explicar o ocorrido. Cinicamente, a chefona ainda teve o desplante de perguntar:

- Vocês querem que eu saia?

Com uma amiga dessas, quem precisa de inimigos? Continuei tentando pronunciar alguma coisa que pudesse ser entendida, mas os risos não deixavam, saindo apenas palavras cortadas.

- Nã-nã-não! - Dizia eu enquanto apontava as mãos dele, mas acho que isso só fazia piorar tudo. Meu colega, sem entender nada e expressando um certo medo de mim, já dava alguns pequenos passos para trás. Por fim, ainda sem parar de rir, consegui falar:

- Eu estou falando dos dedos!

A chefinha saiu rindo e Aragon, assombrado pelo terror de ficar sozinho comigo, bateu em retirada com passos largos e apressados. Fiquei enxugando as lágrimas da crise de riso, mas ainda sem conseguir parar de rir. No carro, voltando para casa, ia pensando uma maneira de esclarecer o mal-entendido, antes que os demais técnicos do órgão, avisados sobre minha excêntrica curiosidade, viessem todos me falar sobre seus hábitos higiênicos e seus cortes de preferência. 

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Talento para pular a cerca

Tudo na vida é uma questão de talento. Talento para a música, para representar, para cozinhar e até talento para "pular a cerca". Algumas pessoas trazem esse talento nato; outras conseguem desenvolver ao longo da vida. Por outro lado, existem aquelas que, coitadas, é melhor nem tentar. No meu caso, não posso reclamar, este é um talento que não me falta. Ei, antes que as mentes maliciosas comecem a fazer mau juízo, vou esclarecer. Estou falando daquela cerca com um monte de pauzinhos enfileirados, ligados por arame, só isso. Quanto a algumas amigas, não posso dizer o mesmo.




Em um belo dia desses, minha querida chefinha, Helen, me pediu carona na saída do trabalho. Helen é uma mulher alta, de um porte "mais ou menos" atlético, mas com uma desenvoltura física equivalente a de um lutador de sumo aposentado. Como o carro estava um pouco longe, sugeri que pulássemos uma pequena cerca para cortar caminho. Isso foi um processo. Levei alguns minutos para convencê-la que era uma ação segura, rápida e que podia, inclusive, ser divertido. Claro, tive que jurar que não havia, na história daquele estacionamento, nenhum registro de acidentes mortais com a bendita cerca. Quase convencida, ela topou.



Primeiro fui eu. Passei por umas "agaves", uma plantinha que parece um ouriço do mar, sem maiores prejuízos, pulei a cerca rapidamente e fiquei do outro lado esperando-a. Entre tantos "uis", "ais" e "ai meu Deus", saiu um longo "eu acho que não vou conseguuuuuiiiiiir!!!!!!" Para socorrê-la, segurei todas as suas tralhas, abaixei a cerca e apoiei sua mão. Com a ajuda, a atleta foi até ágil e não demorou mais do que dez minutos para transpor seu obstáculo. Para incentivar, falei só uma mentirinha: - você foi muito corajosa!



Com um suspiro aliviado e cheio de orgulho, Helen saiu andando ao meu lado. Achei que o assunto estava encerrado, mas enquanto íamos pelo passeio, ela me olhou com uma cara de choro, de dar pena, e disse:



- Aquela planta me furou e tem alguma coisa escorrendo na minha perna. - Já aos prantos, ela continuou:

- Eu acho que é saaaangue!!!!



O que é isso minha gente? Uma mulher com quase um metro e oitenta e mais os quinze centímetros de salto chorando porque se espetou numas plantinhas? Achei um exagero tremendo, mas para não parecer completamente insensível com suas lágrimas, fiz uma fingida cara de preocupada e, pegando em seu ombro, disse:



- Calma, deve ser impressão sua.



Quando entramos no carro, ela levantou a barra da calça e, para a minha surpresa, a perna estava toda desgraçada e o sangue escorria. Que miséria era aquela? Como a criatura conseguiu esta proeza é um mistério que deixaremos para o universo.



Saímos no carro com ela choramingando e reclamando. A minha vontade era de mandá-la engolir o choro e manter a compostura, mas, como uma boa amiga solidária, ia dizendo:



- Calma Helinha, já passou, já passou.



Nada mais que uns três minutos depois que havíamos saído, Helen, completamente transtornada e fora de si, deu um berro e começou a se saculejar toda gritando: - ai! ai! ui!.



Fiquei morrendo de medo. Não fazia idéia de seu elevado grau mediúnico e das inesperadas incorporações de espíritos comunicantes. Em fração de segundos a mulher arrancou a roupa ficando só de sutiã dentro do carro. Para mim, era a visão do inferno, mas uma platéia masculina até apreciaria a dona de sutiã se remexendo como uma dançarina indiana, até que, enfim, ela conseguiu pronunciar algo inteligível:



- Tem um bicho na minha roooooupa!!!!!!!



Era, realmente, o que faltava. Eu já havia pulado a tal cerca algumas dezenas de vezes e nunca tive qualquer surpresa. Com Helen, tudo aconteceu. Ela continuou sacudindo a roupa até que conseguiu pegar o inseto. Nesta hora os dois atracaram-se numa luta bárbara, misto de um espetáculo de gladiadores e um evento de "Vale tudo". O bicho, no alto dos seus dois centímetros e meio, levava uma pequena vantagem, mas Helen, guerreira, não desistia. Preocupada, falei qualquer coisa que desviou a atenção do coitado. Aproveitando-se da situação, numa ação não muito leal, ela desfilou o golpe fatal, vangloriando-se com uma gargalhada mais aterrorizante do que a da madrasta da Branca de Neve, quando enfim conseguiu que a pobre menina comesse a maçã. Agora estava eu em um carro com uma mulher seminua, toda descabelada, e um defunto. Se não bastasse toda a situação, a louca ainda ia me acusando de arriscar sua vida expondo-a em aventuras no mato.



Sem muito escrúpulo, desovamos o cadáver num matagal e fui deixa-lá. Por fim, ficou a moral da história: se tem uma criatura que pode deitar a cabeça no travesseiro e dormir como um anjo é o companheiro de Helen, porque a dona não tem o menor talento para "pular cerca". Já o meu amor...

domingo, 5 de julho de 2009

Memórias de viagens III: em trupe para Gramado

Se o casal de paraíbas viajando sozinhos protagonizam uma lista razoável de mancadas, imagina quando decidem sair em família. Foi o que aconteceu no último feriado de São João.



A turma, bastante eclética, tinha um grupo de crianças com três meninas, Gabi (8 anos), Cacá (6) e Lulu (6); os adolescentes e jovens adultos, com Nathália (14), Bruno (16), Paulinha (20) e Nanda (22); e os adultos, que acho desnecessário identificar as idades, com o casal Lula e Wilma, Luíza, a matriarca do grupo, e o casal de paraíbas. Ele, o paraíba, como sempre, elegeu-se o chefe da excursão, através de processos não muito legítimos. Ela, a paraíba, foi de curtição. O destino: uma semana em Gramado-RS. Mas essa aventura tem muitos capítulos, e para facilitar, vamos fatiá-la.




Capítulo I: Chegando Lá. Opção: "com emoção"



O grupo viajou dividido em dois. Passada a rotineira agonia do embarque, com os atrasos costumeiros e um congestionamento de gente no aeroporto de Salvador como eu nunca tinha visto antes, nos acomodamos no avião, ocupando nossos lugares marcados, a exceção de Paulinha, que conseguiu uma permuta com outro passageiro para ficar junto com Nathália e Bruno.



No vôo, com destino Porto Alegre, era programada uma escala em Sampa. Quando a aeronave pousou, o paraíba logo levantou-se e foi dar umas voltas para esticar o esqueleto. Neste meio tempo, três rapazes, jovens e muito educados, chegaram junto do trio Bruno, Nathália e Pulinha, e disseram, tranqüilamente, que aqueles assentos eram deles. Nossa ala jovem, completamente avoada, não se deu o trabalho sequer de verificar as passagens. Levantaram-se imediatamente e amontoaram-se no corredor, com umas carinhas de "o quê eu faço agora?"A paraíba, com uma calma que não lhe é peculiar, desconfiou do equívoco e foi checar os bilhetes de embarque. Na verdade, as poltronas dos rapazes realmente eram naquela fileira, mas do outro lado do corredor. Apenas um, o que sentou no lugar de Paula, estava totalmente certo. A paraíba explicou para eles a confusão e os dois, sem qualquer objeção, levantaram-se, permanecendo no lugar apenas o que estava correto.



Tudo tinha sido resolvido na mais completa ordem até que o paraíba, vendo tudo de muito longe e sem entender absolutamente nada, chegou intimando os rapazes, inclusive o pobre coitado que permanecia sentado no assento que era seu por direito. Nathália, totalmente sem graça, disse: "mas pai, esse lugar é dele!" A situação já estava um tanto constrangedora quando o garoto que era alvo da fúria do paraíba, mesmo estando todo certo e com uma gentileza incomum largou o golpe fatal, dizendo ao paraíba: "vocês querem ficar com esse lugar?" O paraíba, com um sorriso mais amarelo que suco de cajá, respondeu: "você faria isso?"



Novamente, todos acomodaram-se nos mesmos lugares do início da viagem, mas, provavelmente, aquele "tapa com luva de pelica" ficou latejando silenciosamente no rosto do paraíba pelo resto do trajeto. Quando chegamos em Porto Alegre, o tal rapaz, todo sorridente, com uma atenção no mínimo suspeita, se deu o trabalho de ir até Paulinha, que também o recebeu com um sorriso de orelha a orelha, para perguntar se a viagem tinha sido boa. Tanta gentileza estava, enfim, explicada.



Apesar de doido, o paraíba tem lá suas qualidades e, cheio de providência, tinha reservado o hotel e perdido algumas noites estudando o percurso no interativo "google earth". No aeroporto, ainda se achando o dono da excursão, tratou de pesquisar o táxi e acertar tudo, e, vamos combinar, considerando que seus serviços saem por custo zero, os mesmos são até satisfatórios.



Antes de sairmos em dois carros, os motoristas conversaram algo só entre eles. Quando os táxis pararam em frente ao hotel, o paraíba perguntou quanto era a corrida e começou a travar com o motora uma pequena discussão sobre o valor. Enquanto o embate inflamava-se, Wilma sentou na porta do hotel com uma fisionomia desolada e quase era possível ler num balãozinho sobre sua cabeça: "de novo não...". Lula assistia a tudo achando um pouco exagerado e Paulinha dizia: "ai meu tio".



De modo geral, ninguém estava entendendo muito a questão. A paraíba perguntou discretamente a Lula quanto tinha sido a corrida no carro deles e, para sua surpresa, Lula respondeu: "o taxista não disse o valor, falou apenas que era o mesmo de vocês". Então, caiu a ficha: o paraíba tinha toda a razão. Os dois motoristas combinaram para arbitrar um valor conforme o nível estimado de patetice dos turistas e, pelo jeito, fomos considerados de alto nível.



Antes de entrarmos no carro, o motorista havia informado que o valor não passaria de "x".Quando chegamos no hotel, o taxímetro informava um valor 25% menor que "x", e o motora teve a cara de pau de cobrar 30% a mais que "x", ou seja, quase o dobro do registrado pelo taxímetro. Deixando os tais "xis" para lá, em português claro, estávamos sendo roubados. Assim, a paraíba e Lula também entraram na discussão em incondicional apoio ao paraíba. Aos poucos, os gaúchos perceberam que não seria tão fácil e recuaram, cobrando o valor correto.



Ficamos nos instalando no hotel enquanto, em Salvador, o restante da turma embarcava rumo a Porto Alegre, com Luíza, Nanda, Lulu e Cacá. Para as pequenas, o avião era uma grande novidade. Logo que a aeronave decolou, Cacá informou que precisava urinar e Lulu apressou-se em anunciar: "ih, o motorista vai ter que parar o avião para Cacá fazer xixi."



No desembarque, longe de casa mais de 3.000km, um rosto familiar era como um oásis, e Luíza logo acenou de longe, quando veio a pergunta:
_Vó, para quem a Sra. está dando tchau? - perguntou Nanda.
_ Não é o seu pai ali? - respondeu Luíza.



Não era, mas deixa para lá.




Capítulo II: Turismo em Porto Alegre



É claro que os paraíbas ainda não tinham reservado, alugado ou programado nada em relação a carro ou qualquer outro transporte para o deslocamento de Porto Alegre para Gramado, e, diante da dificuldade em conseguir qualquer coisa no domingo, a subida para a serra teve que ser adiada para o dia seguinte. Tudo bem, vamos explorar a capital gaúcha.



Saíram todos muito arrumados, entre lã, couro e materiais com efeito térmico, com pelo menos quatro camadas de roupa, cada um, prevendo uma nevasca de surpreender o Alaska. Lula, um incansável atleta de maratonas, lamentou ter que ficar de pernas para cima no hotel o dia todo, mas submeteu-se a tal sacrifício para acompanhar Nanda, sua filha, que não se sentia muito bem.



Mapa na mão, lá se foi o restante do grupo em direção ao centro da cidade. Na caminhada até o metrô, o paraíba, com um senso de direção apurado e uma rara habilidade em leitura de mapas, tomou a frente e, mesmo sob o protesto da paraíba, elegeu o caminho. Não demorou para perceberem a furada que haviam entrado. O passeio para pedestres logo acabou. Dividindo a rua com os carros, atravessaram túnel e entraram numa via expressa. Diante do perigo da empreitada, resolveram enfrentar o matagal, resquício da Mata Atlântica, que margeava a pista. Mas o que era uma mata selvagem, a lama nos sapatos e alguns carrapichos na roupa diante da vontade louca de curtir o passeio. Vendo tanta animação, o sol não quis ficar de fora, e nos presenteou com um calor inesperado. Com o suor escorrendo, aos poucos, como cebolas perdendo as camadas, fomos arrancando as roupas. Andamos, andamos, e nada. Não avistávamos qualquer sinal de estação de metrô, de passeio para pedestre ou mesmo de gente, a não ser as que passavam por nós a oitenta quilômetros por hora, dentro dos carros. Por mais estranho que possa parecer a cena, aquilo estava hilário, e continuamos até que Luíza, tomando a frente, declarou: "eu vou voltar!" Na mesma hora, todos a seguiram, mesmo sob o protesto do paraíba, que insistia em dizer que a estação estava logo ali na frente.


Enfim na estação, chegou o metrô que nos levaria até a parada do Mercado. No rítmo baiano, começamos a ingressar no vagão um a um, até que a porta se fechou, para nossa surpresa, deixando Nathália de fora. O paraíba não contou conversa, desceu na estação seguinte para ir resgatar a filha, enquanto a outra filha, Gabi, em prantos, chamava pela irmã, achando que nunca mais a encontraríamos. O restante seguiu até a estação do mercado, para aguardar lá. Se não fosse pela preocupação e tristeza de Gabi, a situação inusitada, novamente, inspirava o riso. Apesar de tudo, como bons brasileiros, tínhamos esperança de conseguirmos passear na cidade ainda naquele dia.



Reunidos novamente, andamos pelo centro, fomos à Praça da Alfândega, onde entramos no Museu de Artes do Rio Grande do Sul; visitamos a praça da Matriz, passamos pelo Theatro São Pedro, o Palácio Piratini, sede do Governo, a Assembléia Legislativa, e conhecemos a Catedral Metropolitana, com uma enorme cúpula; depois, almoçamos no Galpão Crioulo. Uma parte do grupo debandou e foi conhecer também o Estádio Beira Rio e o mirante da TV. Por fim, depois de muito andar e de 327 registros fotográficos de Bruno e suas performances, terminamos o dia na Usina Gasômetro, antiga termoelétrica da cidade, à beira do rio Guaíba.



Por hora, já estava de bom tamanho.






Capítulo III: A Odisséia de Subir a Serra




A segunda-feira prometia ser gloriosa. Acordamos empenhados em alugar os carros, arrumar tudo e se mandar. Luíza, cheia de aitude, não esperou ninguém. Ligou para algumas empresas, escolheu a sua e alugou um Palio preto, que rapidamente foi levado até o hotel. Lula e o paraíba decidiram-se por outra locadora e tiveram que atravessar a cidade de ônibus para ir buscar o carro. Enquanto isso, ficamos todos os demais aguardando no hotel.





Considerando o horário limite para o check-out, fechamos a conta e ficamos com a bagagem aguardando em um pequeno estar ao lado do hall do hotel. Gabi, Cacá e Lulu, que de santas não tem nada, estavam soltas, dando nó em pingo de éter. As três mexeram no computador destinado a utilização dos hóspedes e conseguiram desconfigurar absolutamente tudo. Como se não bastasse, Gabi achou no banheiro um frasco de lavanda com burrifador, para ser utilizado moderadamente dentro do próprio banheiro. Ela se encantou com o brinquedinho e borrifou lavanda em todo o hotel. Devo adimitir que ficou tudo muito cheiroso, mas a dona do hotel, que circulava por lá, pirou e saiu despejando desaforo em todos que estavam por perto. Pronto, nosso filme já estava queimado naquele hotel.


TEXTO EM ELABORAÇÃO


Depois de mais de três horas de espera, chegaram os dois. Lula com um Fiat Uno vermelho, e o paraíba com um branco. O grupo se dividiu em três carros. A turma jovem não abriu mão de ir com Luíza. As pequenas foram com Lula e os paraíbas saíram sós. Tudo arrumado, fomos em direção a Gramado. No caminho, os paraíbas na dúvida entre qual rumo seguir, estacionaram o carro atrás de uma viatura de polícia em Novo Hamburgo e desceram para perguntar. A recepção foi ótima e a conversa começou a ficar animada, com gesticulações exageradas e tal. Os outros dois carros só se aproximaram depois
Bateu o carro


Quando chegaram à Gramado, todos os contra-tempos foram compensados. A cidade é linda, realmente mais do que o esperado. Os três carros em comboio percorreram a cidade apreciando o estilo das edificações, a harmonia do urbanismo, a iluminação. Luiza, no carro com o grupo jovem, se encantava com todos os detalhes:


- Olha, que linda aquela casa! Oh, que graça aquele restaurante. Gente, que beleza é o paisagismo. Vejam as ruas, tudo tão limpo, iluminado.


Enquanto observava tudo, se afastava do centro seguindo o carro do Paraiba. Este, por sua vez, foi preciso. Com o google earth decorado, deu uma volta de apresentação na cidade e seguiu para o endereço da pousada.

Aguarde o restante do capítulo ...